Faz algum tempo atrás que vi uma cena que me impactou e me fez refletir em práticas que tem a finalidade de excluir. Muitas vezes, se encontram escondidas por trás de um discurso generalizante como o bem comum ou ordem. Agora, se formos pedir a definição desses termos, encontraremos uma explicação pautada em uma percepção pessoal ou de um determinado grupo. Como se fosse ser aplicável a todos.
Policiais civis escoltados por policiais militares que empunhavam fuzis, carros para recolher restos de barracas de vendedores que, do seu jeito, buscam os recursos necessários para a sua sobrevivência. Se não for muito apelativo, me permitam apontar até uma sobrevivência em um mundo de desigualdades.
Alguns, inclusive podem argumentar que existem vários empregos. Entretanto, a exigência do mercado de trabalho está cada vez mais alta e solicita níveis mais altos de escolaridade e especializações. Como alguém que não teve os recursos necessários do passado se capacitará hoje para ter um emprego que nem mesmo oferece condições de sustento de acordo com os padrões modernos? E além do mais, como haverá capacitação se a pessoa se encontra emaranhada pelo seu próprio modo de fazer o trabalho?
Contudo, essas são apenas hipóteses. O que pode se tornar necessário são práticas que enfoquem o que está além do micro. As instituições, principalmente as de poder governamental, gastam recursos enormes quando o assunto é pequenos incêndios, feridas que se abrem mas que apontam para todo um processo. Os sintomas se se transformam na doença em si e, ao se tratar desses sintomas, acabam gerando mais males ao organismo, reforçando outros malefícios que se encontram latentes.
Nesse processo, está presente mais do que o motivo de desordem pública com os vendedores ambulantes está presente uma série de fatores sociais que se presentificam na trilha deixada pela história. Para isso, se torna necessário identificar tais fatores, o que está presente na mentalidade do vendedor ambulante. Logo, se torna preciso investigar quem é este e cada integrante que compõe essa classe. Assim, poderia se tomar atitudes mais aprofundadas e embasadas e não aquilo que é superficial e corresponde a um retorno ao mesmo, gerando um ciclo de gastos de energia para ambos os lados.
Enquanto, forem utilizadas medidas de coerção a partir do uso indireto de armas, teremos mais e mais retornos desse mesmo uso. Uma vez que não se procura estar com o sujeito, teremos a presença de práticas que levam a normatização para uma determinada finalidade. Uma forma de doença que se encontra escondida por trás dos discursos generalizantes e excluem de si, as implicações de seus atos.
Nisso, temos a importância de se assumir a responsabilidade em oferecer o básico de recursos àqueles que estão enfraquecidos, tomando cuidado com o paternalismo. O que me refiro é sobre a responsabilidade de conscientizar a própria responsabilidade, oferecendo as oportunidades e o suporte necessário a fim de que aquilo que corresponde às normas de cidadania seja cumprido.
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